IA – Inteligência Artificial
Uma ferramenta não tem como superar o seu criador.
Conteúdo desenvolvido por Dr. Roberto Caproni

Uma ferramenta não tem como superar o seu criador.
Conteúdo desenvolvido por Dr. Roberto Caproni
A IA é uma das ferramentas mais poderosas já criadas pelo ser humano. Tão poderosa quanto a roda. A ferramenta é uma extensão do corpo humano para que possamos interagir com o meio onde vivemos. A quantidade e a sofisticação de uma ferramenta são diretamente proporcionais a inteligência de quem a criou. Quanto maior a capacidade de criar ferramentas, mais inteligente é a espécie. Além do Homo sapiens, macacos, golfinhos e alguns pássaros também criam ferramentas rudimentares.
Uma faca é uma ferramenta, assim como um machado e uma motosserra. A faca serve para cortar uma maçã ao meio, um machado para cortar uma árvore. A faca é inadequada para cortar uma árvore. A motoserra é mais adequada para cortar a árvore do que o machado. Uma ferramenta pode ser utilizada para um fim para o qual ela não foi criada. A mesma faca que corta uma maçã, poderá cortar a mão do usuário se ele não souber usá-la, principalmente se for da marca Tramontina…poderá também ser utilizada como “arma branca” para matar uma pessoa. Neste caso a ferramenta foi prostituída, ou seja, utilizada para uma finalidade diferente daquela para a qual foi criada.
Até os anos 90 se fazia pesquisas escolares na enciclopédia Delta-Larousse, inúmeros e caríssimos livros que poucas pessoas tinham condições de comprar. Esta ferramenta foi aposentada pelo Google que, além se ser muito mais fácil e prático para pesquisas escolares, é de graça. Do mesmo jeito que a faca está para a motosserra, a Delta- Larousse está para o Google. E o Google está para a IA.
A IA existe há mais de 50 anos, como por exemplo, o código de barras. A IA generativa consegue aprender sozinha, sendo uma das mais poderosas ferramentas já criadas até este momento pelo Homem. Tem e terá o mesmo impacto da invenção da roda no passado porque estará presente em tudo a nossa volta. Procure imaginar como seria a vida hoje sem a existência da roda. O mesmo aconteceria no futuro sem a existência da IA.
O ser humano não consegue competir com a IA, em tudo aquilo que envolve as funções do cérebro esquerdo. Se a informação envolver a lógica, a matemática e processos, ou seja, uma sequência de eventos, que possa se traduzir num algoritmo, isto é, numa fórmula, a IA será sempre a vencedora. Em 1997 o Deep Blue, supercomputador da IBM, venceu Garry Kasparov, o maior jogador de xadrez de todos os tempos.
A velocidade de processamento de informações digitais (01) no hemisfério esquerdo do cérebro humano é de 40 bits (01) por segundo. A velocidade de processamento de informações no hemisfério direito humano é de 1.000.000 de bits (01) por segundo. Ambas as informações são direcionadas para o lobo pré-frontal, onde as decisões humanas são tomadas. A decisão tomada gera ação que define o nosso futuro.
O pensamento nasce no sistema límbico, que é o cérebro primitivo, passando pelo hemisfério direito e esquerdo, até chegar ao lobo pré-frontal. A IA faz o mesmo caminho que a informação faz quando passa pelo hemisfério esquerdo, que é digital, podendo até mesmo tomar decisões baseadas na logica. É como se fosse o Deep Blue ou Sr. Spock, de Jornada nas Estrelas. É bom lembrar que o Sr. Spock era o oficial de ciências da nave estelar USS Enterprise, mas quem realmente mandava era Capitão James T. Kirk. Ele assumiu o comando da nave porque na prova de habilitação ele enganou o computador mais poderoso do século XXIV. Quando o assunto era a lógica do cérebro esquerdo ninguém superava o Sr. Spock. Quando o assunto envolvia o cérebro esquerdo e o direito, ninguém superava o capitão Kirk. Um detalhe que, muitas vezes passa despercebido nesta famosíssima série: o comandante Kirk nasceu na Terra, sendo assim humano, e o Sr. Spork nasceu em Vulcano, sendo filho de Serek, um embaixador Vulcano e de Amanda, uma professora humana. O Sr. Spock era meio humano e predominava nele a lógica matemática que caracterizava os vulcanos.
A IA, assim como o Sr. Spock, não consegue compreender e nem gerar emoções, muito menos sentimentos. A palavra AMOR escrita, um símbolo, pode ser decodificada em bits, mas a emoção e o sentimento amor não têm como ser decodificada em bits. Assim, por mais evoluída que seja a IA, ela não terá como entender e nem replicar as emoções e sentimentos humanos. Isto está fora da sua capacidade. O Sr. Spock, com sua genialidade lógica-matemática, nunca conseguiu entender as emoções e os sentimentos humanos.
Na Teologia, Deus é o criador e o ser humano é a criatura. Quem criou a IA não foi Deus e sim a criatura criada por ele. Da mesma forma que o ser humano não consegue se igual ou superar Deus, a IA não vai conseguir igualar ou superar o ser humano. No entanto, da mesma forma que uma faca pode decepar uma mão, que não é a sua finalidade, a AI poderá gerar prejuízos para o ser humano, se não for utilizada com os devidos cuidados. A IA poderá ser prostituída assim como a faca é prostituída quando utilizada como “arma branca”.
Falácias são ditas quando surge uma nova tecnologia, por falta de uma perspectiva correta quanto ao futuro. No futuro não existirá apenas a IA. Na Era Industrial, quando surgiram as máquinas para substituir a mão de obra humana, falava-se que existiriam centenas de milhões de pessoas desempregadas pelas máquinas. Foi ignorado que outras tecnologias surgiriam para gerar empregos melhores, mais sofisticados e rentáveis. Vivemos hoje a Era do Conhecimento e tem poder e gera riqueza quem entende o que faz uma pessoa chorar e sorrir. Este campo de ação está fora da lógica e, assim, fora do alcance da IA.
A IA é um software que acha a “agulha no palheiro”, isto é, a informação certa no meio de inúmeras outras informações que não nos interessa, num gigantesco bigdata. Nos faz ganhar tempo facilitando o processo decisório humano, que é primeiro emocional e somente depois racional. No entanto, alguém precisa tomar a decisão sustentada em princípios crenças e valores, características essencialmente humanas. A IA supera em muito o QI humano, mas passa longe do QE, Inteligência emocional que depende da inteligência intrapessoal e da inteligência interpessoal ou social e do QS, Inteligência espiritual. É o QS que conecta o nous, espírito individual, com o NOUS, Criador, através da intuição e do insight. Para isto utiliza a glândula pineal, como se fosse uma antena sintonizada com o Cosmos. Trata-se de algo ainda não compreendido pela ciência, algo misterioso, transcendental e divino.
A IA não alcança o que realmente é importante para a Humanidade, a espiritualidade e a divindade. Trata-se de uma ferramenta fantástica, mas nunca vai superar quem a criou. Falta e sempre faltará para ela o essencial, o que nos torna verdadeiramente humanos. A IA é apenas uma nova e poderosa ferramenta, como uma “faca Tramontina” super e mega-afiada. Só isto e nada mais.
A IA vai afetar todas as áreas como a invenção da roda afetou a história humana. A roda facilitou a vida de todos e gerou muitos novos e impensáveis empregos. Talvez tenha sido a maior revolução do planeta, assim como a descoberta do fogo. Tecnologia é a aplicação da ciência, em qualquer área da ciência, inclusive a psicologia. Muitas pessoas acham que tecnologia só se aplica a computadores e softwares. Isto também é tecnologia, que tem um nome específico TI, isto é, Tecnologia da Informação.
A ciência aplicada gera tecnologia e a tecnologia gera novos conhecimentos científicos, numa espiral sempre crescente e cada vez mais rápida. Estamos no centro de uma das maiores mudanças que já existiu na humanidade. A nossa geração será lembrada eternamente como a que viveu as maiores transformações da História. Mudanças geram insegurança, angústia, medo, raiva, culpa…
Nos próximos anos mais da metade das profissões hoje existentes terão desaparecido, da mesma forma que o DVD desapareceu. O streaming foi a “pá de cal” nas locadoras de vídeos. Cá entre nós, é muito melhor ver filmes na Netflix do que ter que devolver DVDs em locadoras nas segundas-feiras…Estima-se que a IA vai fazer desaparecer, em todo o mundo, 90 milhões de empregos até o ano 2030. No entanto 170 milhões de novos empregos serão criados em atividades que ainda não existem. Estudos mostram que o aumento da produtividade com a IA vai gerar 4 trilhões de dólares de riquezas na economia mundial nos próximos 35 anos.
As profissões existem como meio de resolver problemas humanos. Se novos meios forem descobertos ou inventados aquela profissão deixa de existir. Isto já aconteceu, por exemplo, com o sapateiro e o alfaiate, que foram substituídos por produção em massa, a partir da Era Industrial. O produto melhorou, passou a ser feito de forma mais rápida e muito mais barato. É impossível competir com aquilo que é melhor, mais barato e mais rápido. Esta é a lógica do mercado.
Tudo que for digital, isto é, que possa ser decodificado nos dígitos 01 vai ser substituído pela IA. Onde couber a resposta não (0) ou sim (1) é digital. Por exemplo, a mulher está grávida? A resposta é “sim” ou “não”. Não existe mulher “meio” grávida. Desta forma o conceito de gravidez é digital. Por outra lado, a pergunta: “Daniela, você ama o João?” cabem três respostas: Sim, não ou talvez. Onde existir o TALVEZ, a dúvida, é analógico, isto é, não é digital. Para responder a pergunta sobre gravidez usamos predominantemente o cérebro esquerdo e para responder a pergunta feita para a Daniela usamos predominantemente o cérebro direito. Onde existir a dúvida, não entrará a IA.
Mesmo o computador quântico, que pode ser até 180 milhões de vezes mais rápido do que o mais poderoso dos atuais computadores convencionais, fraciona em inúmeras possibilidades o espaço entre o dígito 0 e o dígito 1 e com todo o seu poder de processamento mantem as características de um computador qualquer, ser digital. Somente o cérebro humano pode ser analógico!
A IA pode até levantar inúmeras informações, e até mesmo conhecimentos, para ajudar no processo decisório. Se existir uma TALVEZ a IA não conseguirá tomar a decisão. Tudo que for objetivo e prático a IA vai afetar diretamente. Tudo o que for subjetivo a IA poderá levantar as informações, gerar o conhecimento, mas não conseguirá decidir. A IA poderá montar um processo judicial mais facilmente do que um advogado, mas não terá como influenciar emocionalmente os jurados e o juiz, no julgamento e na tomada de decisão. Decisões humanas envolvem inúmeras questões emocionais e subjetivas que estão muito além da capacidade da IA, seja ela convencional ou quântica.
A Psicologia trabalha com o consciente/inconsciente e a dúvida está sempre presente. A consciência humana, está no cérebro, no corpo ou no Cosmo? Os humanos não têm esta resposta e nem a IA. A IA não consegue entender este conceito, muito menos resolver questões sobre ele. De todas as profissões, as que menos serão afetadas diretamente são as classificadas como “Ciências Humanas”. As classificadas como “Ciências Exatas” serão afetadas diretamente. Já as classificadas como “Ciências Biológicas” serão mais ou menos afetadas.
A IA vai ajudar no diagnóstico e sugerir tratamento, mas não vai tirar a ação e a empatia do médico como ser humano, não vai eliminar a importância do olho no olho e do “calor humano”. Todo o futuro vai ser delineado de um lado pela IA e de outro pela empatia. A IA não entrará onde a solução passar pela empatia, porque ela jamais entenderá este sentimento. A IA jamais vai conseguir dar um abraço verdadeiro, reconfortante ou amar alguém. Por mais humanoide que seja, a IA é e sempre será fria e impessoal.
O interessante é que a IA vai dificultar a vida “das garotas do Jobs”, a profissão mais antiga da humanidade, devido as Sex Doll com IA. Na Europa já existem bordeis cibernéticos com as Sex Doll. Se até a profissão mais antiga do mundo vai ter que se reinventar para competir com a IA, imagine nós que atuamos em profissões mais recentes. A empatia será a solução para todos, tanto para as “garotas do Jobs” quanto para cada um de nós. Os profissionais da saúde precisam entender a IA como meio e não como fim. Empatia é mais importante que a IA na área da saúde e em todos os contatos humanos.
O psicólogo poderia ser entendido como um “ombro amigo” que conforta, educa e transforma quem o procura…Isto a IA nunca vai conseguir fazer…Já na engenharia a IA fará os projetos, fará os cálculos estruturais e a construção das casas, pontes e prédios através da impressora 3D….Cabe ao psicólogo, aprender a utilizar a IA como meio auxiliar de obtenção de diagnósticos prováveis. As sessões de psicoterapia não têm como ser realizadas pela IA. Nela o que realmente importa é o “ombro amigo” e a reeducação do cliente. Onde o diagnóstico for provável a IA não terá um bom desempenho. A IA fazendo intervenções na psicanálise seria algo cômico, no melhor estilo Mr. Bean.
Sugiro a você ver alguns episódios de “Jornadas nas Estrelas” que antecipou o futuro em muitas áreas. Observe o comportamento do Sr. Spock, do capitão Kirk, do Dr. McCoy, da Uhura, do Chekov, do Sulu e do Sr. Scott. Veja quais deles seriam substituídos pela e IA e quais não seriam substituídos por ela. Se animar, comece pelo episódio Star Trek: Cidade à Beira da Eternidade. Quanto mais problemas a humanidade enfrentar, mais vai precisar dos psicólogos e de contatos humanos. Quanto mais tecnologias existirem, mais confusas estarão as pessoas e mais precisarão de “amigos de aluguel”, já que os verdadeiros amigos estão ficando cada mais vez mais raros…
Neste novo contexto em que a IA parece estar predominando, a Psicologia é e será cada vez mais, a profissão do futuro. Todas as outras profissões deveriam ser complementadas com os conhecimentos da psicologia. Sem entender a mente humana ninguém vai chegar a lugar algum como profissional e como ser humano…
Existe uma enorme falha no modelo que divide o conhecimento humano em profissões e especialidades, como acontece há décadas. A falha está no entendimento da proposta de Descartes, que era dividir o conhecimento em partes para o compreender, num processo de análise. Esqueceram a segunda parte da proposta de Descartes, que depois de ter sido feita a análise, deveria se fazer a síntese. Só na teoria o conhecimento humano se divide e gera as mais diversas profissões e especialidades. Na prática do dia a dia todos os conhecimentos estão entrelaçados, como se fossem inúmeras teias que se sobrepõem.
Nesta perspectiva, como meio e não como fim, a IA vai facilitar cada vez mais a nossa vida desde que entendida como uma ferramenta a mais criada pelo ser humano. A invenção da roda e a descoberta de como dominar o fogo foram tão importantes quanto a IA virá a ser para toda a Humanidade a partir de agora. A tecnologia por si só não vai prejudicar você. É o mau uso dela que poderá prejudicar você. A energia atômica tem ajudado a melhorar a vida das pessoas através da radioterapia ou na geração de eletricidade, mas também mata no formato de uma bomba atômica, que libera a energia de forma extremamente rápida e sem controle. Ferramentas não têm vontade própria, mas se usadas de forma errada poderão gerar os mais diversos problemas.
Também não podemos esquecer que foi a bomba atômica que evitou uma terceira guerra mundial através da “paz armada”. Uma nova guerra mundial seria suicídio coletivo e, sabendo disto, ninguém quer uma nova guerra nestas proporções, a não ser terroristas ou falsos líderes, fixados na rebeldia da pré-adolescência. É o caráter e a maturidade de quem utiliza a ferramenta que deve ser julgado e não a ferramenta em si. Ferramenta é ferramenta… se tomarmos os devidos cuidados no uso dela, tudo ficará bem, quer seja ela uma roda, uma faca Tramontina, a energia atômica ou a IA.
(*) Dr. Roberto Caproni
É palestrante internacional, graduado em Administração de Empresas e em Odontologia. Especialista em Marketing, Psicologia e em franquias e redes na área da saúde. Foi homenageado pela Anadem, pela sua contribuição ao exercício ético da medicina. Autor do bestseller Marketing Aplicado à Saúde, primeiro livro publicado no mundo abordando os benefícios desta ciência para consultórios e clínicas. O livro foi traduzido para o inglês e para o espanhol, faz parte das bibliotecas de faculdades da saúde de mais de 50 países, incluindo a biblioteca central da Harvard University, em Cambridge. Fundador do Grupo Caproni, um dos idealizadores e o primeiro presidente da ABRASSA – Associação Brasileira da Saúde. É presidente do Renova, um inovador sistema para fidelização de pacientes para o seu consultório ou sua clínica.